IPCA de junho vem acima do esperado e Trump anuncia tarifas de 50% sobre produtos brasileiros

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,24% em junho, desacelerando em relação ao registrado em maio (0,26%), mas acima da mediana das expectativas do mercado (0,20%). Em 12 meses, o IPCA passou a acumular alta de 5,35%, acima dos 5,32% acumulados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Dos nove grupos pesquisados, “Habitação”, apesar de ter desacelerado frente ao mês anterior, foi quem apresentou o maior impacto altista no índice cheio, influenciado pela alta no custo da energia elétrica residencial (2,96%) com a vigência da bandeira tarifária vermelha 1 no mês de junho. Na outra ponta, o grupo “Alimentação e bebidas” registrou queda de 0,18%, após nove meses consecutivos de altas, influenciado pela queda de 0,43% do item “alimentação no domicílio”.

Nossa visão: o dado de hoje veio acima das expectativas, mas com alta concentrada em itens fora do núcleo de inflação. Em relação aos núcleos, na média móvel de três meses, com dados dessazonalizados e anualizados, os serviços subjacentes desaceleraram de 7,0% para 6,3% na passagem de maio para junho, enquanto o núcleo de industriais subjacentes desacelerou de 4,6% para 3,5%. Na mesma métrica, a média dos núcleos desacelerou de 5,3% para 4,5%, portanto, no teto do intervalo compatível de 1,5 p.p. ao redor da meta de 3% de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

O presidente dos EUA, Donald Trump, enviou uma carta ao presidente do Brasil nesta quarta-feira, 9, anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos EUA a partir de 1º de agosto. A alíquota representa um salto em relação aos 10% anunciados no dia 2 de abril, conhecido como “Dia da Libertação”. A tarifa é a maior anunciada pelo governo americano contra diversos países nesta semana.

Na carta, Trump informa que qualquer tarifa que o Brasil decida impor sobre produtos americanos também será acrescida à alíquota sobre produtos brasileiros e diz ter solicitado uma investigação para averiguar práticas comerciais desleais praticadas pelo Brasil.

Em reposta, o governo brasileiro afirmou que qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida “à luz da reciprocidade” e voltou a falar que o Brasil é um país soberano, com instituições independentes e que “não aceitará ser tutelado por ninguém”. O governo também negou que exista um déficit comercial com os EUA, informando que, na verdade, existe um superávit por parte dos EUA.

O episódio vem na esteira do acirramento dos ânimos que começou há alguns dias, quando o presidente dos EUA informou que países dos Brics seriam submetidos a uma tarifa adicional de 10% se seguissem desafiando a posição do dólar como moeda chave na economia global.

Ouça o podcast Itaú Views Morning Call de hoje, conduzido pela economista Lorena Dourado, do Itaú BBA, para conferir mais detalhes: https://meu.itau/gg6

Quer deixar um comentário? Clique aqui!