Copom: nova equipe, decisão e mensagem inalteradas
No Radar do Mercado: o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu novamente a Selic em 50 pontos-base, levando a taxa básica de juros a 11,25% ao ano
Por Itaú Private Bank
Na primeira reunião de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu novamente a taxa Selic em 50 pontos-base para 11,25% ao ano, em decisão unânime, mesmo com mudança na composição da diretoria.
De maneira geral, o comunicado trouxe poucas alterações com relação ao que foi divulgado na decisão de dezembro. O comitê destacou que o cenário segue exigindo cautela, diante de um ambiente externo marcado pelo debate sobre o início da flexibilização da política monetária nas principais economias e por sinais de queda dos núcleos de inflação, mas ainda em níveis elevados em diversos países. Em relação à economia doméstica, a desaceleração da atividade e o processo de desinflação seguem em linha com o cenário da autoridade monetária.
Adicionalmente, o balanço de riscos para os cenários de inflação segue simétrico, com fatores em ambas as direções. Assim, o comitê manteve a mensagem de que o ritmo de corte de 50 pontos-base é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em maior grau, o de 2025.
Ainda esperamos que a taxa Selic termine o ano em 9,0%. Saberemos mais detalhes sobre a decisão de hoje na ata da reunião, que será divulgada na terça-feira, 6 de fevereiro.
Nossa visão para os mercados
A decisão já era amplamente esperada pelos mercados, e o comunicado divulgado pelo Banco Central com poucas mudanças em relação ao anterior é uma clara demonstração de que a mensagem principal segue inalterada: a Selic deverá continuar a cair no Brasil, de forma gradual.
Isto não significa que não veremos mudanças nas taxas na abertura dos negócios amanhã. Mais cedo, o Federal Reserve (banco central americano) também se reuniu para decidir sobre taxa de juros, e a comunicação foi mais cautelosa, indicando que um corte de juros não é iminente. Isto sim tem potencial para mexer um pouco mais os mercados amanhã, mas não compromete o médio prazo, uma vez que é questão de tempo para os juros também serem reduzidos por lá.
Uma postura mais cautelosa nos juros neste momento é positiva, uma vez que reforça a perspectiva de continuidade da convergência da inflação para as metas, abrindo espaço para juros ainda mais baixos no futuro. Neste contexto, continuamos otimistas com o desempenho dos ativos de risco do Brasil em 2024.
Na renda fixa, reiteramos nossa recomendação acima do neutro para a classe Juro Real em títulos com prazo acima de 5 anos, que oferecem taxas ainda em patamar atrativo e com o diferencial da proteção inflacionária, elemento valioso no atual ambiente ainda com incertezas importantes. Os prefixados também podem apresentar rentabilidade favorável. Porém, a forte compressão de taxas ocorrida nos últimos meses reduziu um pouco sua atratividade quando comparados às NTN-Bs.
O Real também deve ser pouco influenciado pela decisão de hoje. Continuamos a ver espaço para sua valorização no médio prazo, impulsionado pela robustez de nossas contas externas, juro ainda elevado e fortes reservas cambiais. Entretanto, enquanto persistir o quadro atual com o Dólar ainda resiliente, o mais provável deverá ser o Real seguir oscilando ao redor do patamar atual. Com isso, a relação risco vs. retorno da renda fixa continua mais favorável para alocações neste momento.
Para a bolsa, a continuidade dos cortes de juros é positiva, pois eleva a atratividade das ações frente aos títulos de renda fixa, contribuindo para o fluxo de compra de investidores na classe.
Diante da correção no início deste ano, acreditamos que o principal risco para a bolsa brasileira no curto prazo continua a vir do cenário internacional, dado o debate em relação à trajetória do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos. Mantemos nossa recomendação neutra em ações brasileiras.
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