Reuniões do FMI discutem perspectivas para a economia dos EUA

No Radar do Mercado: nossa economista-chefe, Gina Baccelli, está em Washington e traz percepções atualizadas sobre a economia americana após primeiras reuniões do FMI e do Banco Mundial. Mercado de trabalho, endividamento e eleições presidenciais estão em foco

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

A reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial está sendo realizada nesta semana em Washington, EUA. Nossa economista-chefe, Gina Baccelli, está participando dos encontros e trouxe os primeiros destaques do que já foi falado sobre a economia americana.

A eleição presidencial nos EUA esteve em foco. A leitura é que a disputa está em aberto, com o ex-presidente Donald Trump reduzindo a desvantagem nas pesquisas, sobretudo nos swing states. Uma eventual vitória de Trump provavelmente viria acompanhada do controle republicano no Congresso, o que facilitaria a implementação de suas políticas econômicas. Já uma vitória da atual vice-presidente, Kamala Harris, provavelmente viria sem o controle no Senado, o que impediria a aprovação de grandes mudanças no cenário atual.

Seja qual for o resultado, a percepção dos agentes econômicos é que nenhum dos dois candidatos está muito preocupado com a questão fiscal. Enquanto o endividamento dos EUA está em patamar recorde, Trump fala em cortar impostos e Harris promete mais investimento federal e benefícios sociais.

A questão imigratória e o seu impacto na atividade econômica também suscita debates. A visão otimista é que a economia está forte, com crescimento ao redor de 3% na comparação trimestral anualizada, mas o mercado de trabalho está mais fraco. A explicação para isso seria a entrada de milhões de imigrantes nos últimos meses e um crescimento da produtividade, o que teria elevado o PIB potencial e impulsionado a economia mesmo com o desemprego subindo. Já a visão pessimista é que o mercado de trabalho está enfraquecendo por conta da desaceleração econômica. Nesse caso, a imigração até teria melhorado a oferta de trabalho, mas não seria capaz de alterar muito o quadro da atividade.

Diante disso, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) deve seguir cortando juros, pois eles estão acima do patamar neutro, mas a incerteza sobre o verdadeiro momento da economia americana dificulta a missão. Nos dois cenários traçados acima, existe espaço para cortes, mas a dimensão, o ritmo e ponto final desses cortes são incertos. No primeiro cenário, o Fed poderia baixar os juros até algo próximo de 3,5% ao ano sem gerar inflação e levar o crescimento para o potencial. No segundo cenário, o Fed teria que reagir para estimular a atividade e poderia chegar a uma taxa terminal de 3%. Seja como for, as próximas decisões devem seguir dependentes da evolução dos dados, sobretudo do mercado de trabalho.

Por fim, a inflação americana não tem sido um fator de preocupação para grande parte dos agentes econômicos nesse momento. A leitura é que as empresas têm pouca pressão de custo, já subiram muito os preços e não tem espaço para subir mais. Os agentes acreditam que a pressão sobre os preços é residual, resultado da inércia inflacionária no setor de serviços, mas a inflação ainda demorará para retornar à meta.

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