Cockpit do Copom: cautela e flexibilidade

No Radar do Mercado: Copom se reúne nos dias 17 e 18 para mais uma decisão. Mercado está dividido entre estabilidade e ajuste residual na taxa Selic

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta terça, 17, e quarta-feira, 18, pela quarta vez no ano. Segundo a equipe de macroeconomia do Itaú BBA, a expectativa é que a autoridade encerre, por hora, o ciclo de alta, optando pela manutenção da taxa Selic em 14,75% a.a. A decisão deve refletir o estágio avançado do ciclo, as perspectivas dos efeitos defasados e cumulativos da política monetária e a incerteza acima do usual no presente cenário.

Desde a última reunião do Copom, o cenário doméstico apresentou sinais ambíguos, com o mercado de trabalho ainda robusto, mas o PIB do primeiro trimestre abaixo do esperado, e os dados iniciais do segundo trimestre indicando moderação da atividade. A inflação corrente permanece acima da meta, mas as divulgações recentes surpreenderam para baixo. No câmbio, o real teve leve apreciação, enquanto os preços de commodities em reais permaneceram relativamente estáveis. O aumento das tensões geopolíticas tende a elevar a volatilidade dos preços de commodities, notadamente no setor de energia. Cabe notar que as expectativas de inflação têm mostrado estabilidade, ao passo em que as medidas de inflação implícita têm declinado substancialmente.

Em suas comunicações recentes, o Banco Central tem reforçado o tom de cautela adicional, diante da elevada incerteza e dos impactos defasados e cumulativos da política monetária, e flexibilidade, reforçando a dependência dos dados futuros. A equipe de macroeconomia do Itaú BBA avalia que o balanço de riscos para a inflação deve permanecer equilibrado, com riscos simétricos e variância maior que a usual. Nesse contexto, o comitê deve reforçar o compromisso com a convergência da inflação para a meta, seguindo a estratégia de permanecer com a taxa de juros em patamar contracionista por um período prolongado, além da sinalização de que não hesitará em retomar o ciclo de alta caso seja necessário.

Confira o relatório na íntegra.

Resultados do varejo e indústria nos EUA

As vendas no varejo americano recuaram 0,9% em maio frente a abril, segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio nesta terça-feira, 17. A queda veio mais acentuada do que o esperado pelo mercado (-0,6%).

Vale destacar que os componentes mais voláteis puxaram o recuo. Excluindo-se o setor automotivo, as vendas caíram 0,3% na janela, enquanto excluindo também combustíveis, a queda foi de 0,1%. Já o grupo de controle, componente mais correlacionado ao consumo do PIB, teve avanço de 0,4%, superando a projeção (0,3%).

O setor industrial também registrou queda neste mês. Os dados apresentados nesta terça-feira pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) apontaram um recuo de 0,2%, revertendo a alta de 0,1% registrada em abril. Já a atividade manufatureira cresceu 0,1%, em linha com as projeções. O uso da capacidade da indústria também recuou, ficando em 77,4% em maio após marcar 77,7% em abril.

Nossa visão: após leituras fortes no início do ano, em meio a antecipações de compras prévias aos efeitos das tarifas, os dados do varejo americano estão agora sujeitos a uma maior cautela dos consumidores. Além disso, apesar das quedas nos indicadores mais abrangentes, o núcleo seguiu indicando resiliência do consumo, em linha com o cenário de desaceleração apenas gradual da economia.

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