Copom mantém taxa Selic em 15% ao ano
No Radar do Mercado: Comitê manteve a taxa Selic em 15% ao ano e reafirmou que deve manter os juros nesse patamar por um período bastante prolongado
Por Itaú Private Bank

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 15,00% ao ano na reunião de hoje e fez ajustes pequenos na comunicação. A decisão foi unânime.
O colegiado sinalizou que o cenário externo está mais desafiador e incerto para os emergentes e reconheceu que a atividade está vindo em linha com o esperado, mostrando certa moderação no crescimento, apesar de um mercado de trabalho ainda dinâmico. Quanto à inflação, o Banco Central manteve a projeção em 3,4%, acima da meta central, para o primeiro trimestre de 2027, horizonte relevante para a política monetária.
Acreditamos ser mais provável a manutenção dos juros em 15,00% na próxima reunião. Nosso cenário indica ser possível iniciar um ciclo de corte no primeiro trimestre do próximo ano e que a Selic deve fechar 2026 em 12,75%.
Como de costume, seguiremos atentos aos comentários dos diretores do Copom e à ata da reunião a ser divulgada na próxima terça-feira, 5 de agosto.
Nossa visão para os mercados
É possível que a escolha do Copom de caracterizar a manutenção da Selic ainda como uma PAUSA, ao invés de formalizar seu término, seja percebida pelo mercado como mais conservadora do que o esperado. Nesse sentido, na reabertura dos negócios amanhã, 31, o mercado deve empurrar um pouco mais para frente o início do ciclo de queda dos juros, previsto para ocorrer a partir de dezembro deste ano, de acordo com os preços do fechamento de hoje, 30.
Um ponto que merece atenção é que a parte curta da curva prefixada não reflete a mensagem dada de que ainda sobrevive um pequeno risco de retomada do ciclo de alta. O mercado parece acreditar que essa comunicação tem validade, e que é questão de tempo para o Banco Central confirmar o encerramento da alta da Selic. Seria um enredo parecido com os finais dos ciclos de 2008 e 2014, em que o Banco Central de início manteve a Selic inalterada usando a expressão “neste momento”, para logo à frente formalizar seu final. Esta também é nossa visão. Com isso, a parte curta das curvas de juro nominal e real pode apresentar alta marginal de taxas, enquanto os vértices médios e longos tendem a ficar estáveis.
Do ponto de vista de estratégia, a decisão de hoje não altera nossa visão para as classes de renda fixa. Seguimos com recomendação um nível acima do neutro tanto no prefixado de 3 anos quanto no juro real – neste último com preferência por papéis com pelo menos 5 anos de prazo para tentar minimizar o forte carrego negativo previsto para os próximos meses.
Em relação ao real, a decisão de hoje não deve ter impacto relevante. Por um lado, o diferencial de taxas de juros do Brasil em relação aos EUA continua elevado, o que tende a incentivar a entrada de mais capital externo. Entretanto, esse movimento será mais dependente do impulso advindo da queda do dólar americano no mercado internacional, afinal, domesticamente, a incerteza fiscal somada ao recente agravamento do embate tarifário com os EUA continuarão no radar. Com isso, sentimos mais segurança em recomendar uma alocação tática vendida em dólar versus as moedas de seus pares desenvolvidos, posição que adicionamos às nossas carteiras local e internacional no primeiro semestre deste ano.
A esperada decisão do Copom de manter a taxa Selic também não deve ter impacto significativo nas ações brasileiras. Acreditamos que o cenário internacional e o fluxo estrangeiro deverão continuar predominando sobre a performance da bolsa, enquanto o alto nível da taxa de juros diminui o apetite do investidor local para a renda variável. Mantemos nossa recomendação neutra no Ibovespa.
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