Fed mantém juros parados e Trump cria exceções para as tarifas de 50% sobre o Brasil
No Radar do Mercado: banco central americano mantém taxa de juros no intervalo de 4,25% a 4,50% pela quinta reunião consecutiva. Enquanto isso, Trump cria exceções para aplicação de tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil
Por Itaú Private Bank
Fed mantém juros parados, mas com votos dissidentes
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) decidiu, pela quinta vez consecutiva, manter a taxa de juros americana no intervalo de 4,25% a 4,50% em reunião finalizada nesta quarta-feira, 30. A decisão pela manutenção dos juros veio em linha com as expectativas do mercado, mas não foi unânime, com dois diretores votando a favor de um corte de juros imediato.
Em documento divulgado após a reunião, o Comitê afirmou que, apesar de a balança comercial ter afetado os dados, a atividade econômica desacelerou na primeira metade do ano, enquanto a taxa de desemprego permanece baixa e as condições do mercado de trabalho continuam sólidas. Já em relação à inflação, o Comitê manteve a afirmação de que ela permanece um pouco elevada.
Os membros do Fomc também afirmaram que as incertezas em relação ao cenário econômico continuam altas, retirando a menção que constava no comunicado anterior de que essas incertezas tinham diminuído. Além disso, o Comitê não se comprometeu com os próximos passos da política monetária, reafirmando apenas seu compromisso com os dois lados do seu mandato de máximo emprego e inflação na casa dos 2,0% ao ano e se dizendo preparado para ajustar a política monetária como for apropriado, levando em consideração dados do mercado de trabalho, as expectativas e as pressões inflacionárias, além das condições econômicas globais.
Powell: faremos o possível para que impacto das tarifas na inflação seja pontual
Na coletiva de imprensa realizada após a reunião, Jerome Powell, presidente do Fed, justificou a decisão tomada alegando que ainda há muita incerteza no radar e pressões atuando sobre os dois lados do mandato do Fed, além de considerar que a política monetária está bem-posicionada para agir rapidamente, se for preciso. Powell também afirmou que considera que o atual patamar dos juros é moderadamente restritivo.
Em relação às tarifas que vem sendo aplicadas sobre as importações feitas pelos EUA, o presidente do Fed declarou que os consumidores americanos irão pagar uma parte dos custos das tarifas, enquanto comerciantes pagarão outras, mas considerou que um cenário-base razoável é que esses efeitos sejam pontuais sobre os preços.
Powell afirmou que usará as ferramentas à disposição para garantir que esse aumento de preços pontual não se converta em inflação persistente e que quer fazer isso de forma eficiente, o que significa que “se agirmos cedo demais, corremos o risco de não resolver completamente o problema da inflação e precisaremos voltar a intervir — o que é ineficiente. Se agirmos tarde demais, podemos causar danos desnecessários ao mercado de trabalho.”
Por fim, quando perguntado sobre os votos dissidentes, o presidente do Fed afirmou que não é surpresa que existem diferenças de pensamento dentro do Comitê e que essa foi uma das melhores reuniões que o Comitê já realizou.
Trump assina decreto que impõe tarifa de 50% ao Brasil, mas cria exceções
O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou na tarde desta quarta-feira, 30, um decreto que confirma a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA. Segundo a Casa Branca, a medida seria em resposta a ações do governo brasileiro que representam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
O decreto, no entanto, também afirma que as medidas entrariam em vigor 7 dias após sua publicação, o que seria em 6 de agosto, e cria uma lista extensa de exceções sobre as quais a alíquota de 50% não incidirá, entre eles: suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.
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