Fed mantém juros e previsão de cortes em 2025, mas altera projeções à frente
No Radar do Mercado: banco central americano mantém taxa de juros no intervalo de 4,25% a 4,50% pela quarta reunião consecutiva e projeta inflação maior e crescimento menor à frente
Por Itaú Private Bank
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) decidiu, pela quarta vez consecutiva, manter a taxa de juros americana no intervalo de 4,25% a 4,50% em reunião finalizada nesta quarta-feira, 18. A decisão pela manutenção dos juros foi unânime e veio em linha com as expectativas do mercado.
Em documento divulgado após a reunião, o Comitê afirmou que, apesar da balança comercial ter afetado os dados, a atividade econômica continua se expandindo em um ritmo sólido, assim como as condições do mercado de trabalho, enquanto a taxa de desemprego permanece baixa. Já em relação à inflação, o Comitê manteve a afirmação de que a inflação permanece um pouco elevada.
Os membros do Fomc também afirmaram que as incertezas em relação ao cenário econômico à frente diminuíram, mas continuam altas. Diante disso, o Comitê não se comprometeu com os próximos passos da política monetária e apenas reafirmou seu compromisso com os dois lados do seu mandato de máximo emprego e inflação na casa dos 2,0% ao ano, se dizendo preparado para ajustar a política monetária como for apropriado, levando em consideração dados do mercado de trabalho, as expectativas e as pressões inflacionárias, além das condições econômicas globais.
Projeções do Comitê: inflação mais alta e menor crescimento
A reunião também trouxe atualizações do Comitê para as principais variáveis econômicas dos EUA. Com relação à inflação, o Comitê elevou as projeções para 2025 (de 2,7% em março para 3,0% agora), 2026 (de 2,2% para 2,4%) e 2027 (de 2,0% para 2,1%). Já em relação ao núcleo, a projeção do Comitê subiu de 2,8% para 3,1% este ano, de 2,2% para 2,4% no ano que vem e de 2,0% para 2,1% em 2027, agora ligeiramente acima da meta.
O Comitê também reduziu as projeções para o PIB de 2025 (de 1,7% para 1,4%) e 2026 (de 1,8% para 1,6%), enquanto manteve a projeção de 1,8% de crescimento em 2027. Por fim, em relação à taxa de desemprego, houve elevação para os três anos do horizonte, agora em 4,5%, 4,5% e 4,4%.
Em relação aos juros, a autoridade monetária manteve inalterada a expectativa para 2025 (3,9%), mantendo a expectativa de dois cortes ainda este ano, mas suavizou a curva à frente, elevando a projeção de 3,4% para 3,6% em 2026 e de 3,1% para 3,4% em 2027. Além disso, no gráfico divulgado pela autoridade monetária, foi possível identificar que, apesar da mediana para 2025 ter se mantido, o viés do Comitê foi de aumento de projeções frente à reunião de março. Existem, agora, sete membros que projetam estabilidade na taxa neste ano.
Powell: sabemos que a inflação está chegando, só não sabemos o tamanho dela
Na coletiva de imprensa realizada após a reunião, Jerome Powell, presidente do Fed, justificou a decisão tomada alegando novamente entender que a política monetária está bem-posicionada para aguardar a evolução do cenário, atualmente com muita incerteza. Powell chegou a declarar ser uma decisão inteligente esperar para ver o que irá acontecer e que as condições do mercado de trabalho e o ritmo de crescimento permitem aguardar.
O presidente do Fed também afirmou que as tarifas ainda devem gerar um impacto maior na inflação à frente, mas disse ser difícil prever esse impacto sem saber o tamanho delas. Afirmou, ainda, que a inflação de bens deve subir nos próximos meses, já que os impactos das tarifas demoram algum tempo para avançar pela cadeia e chegar no consumidor final, destacando que já é possível observar seus efeitos iniciais em alguns componentes da inflação. Nesse contexto, Powell reforçou que as projeções do Comitê foram afetadas pela incerteza elevada, e repetiu que as projeções não são um plano do que deve ser feito à frente.
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