Nossa visão: EUA afastam chance de recessão, mas discussão sobre fim do excepcionalismo continua

No Radar do Mercado: no segundo artigo da série Nossa Visão, confira uma análise da nossa equipe de macroeconomia sobre o momento atual e a perspectiva para os próximos meses da economia dos EUA

Por Itaú Private Bank

6 minutos de leitura
Nesta semana, estamos publicando uma série de artigos aqui No Radar do Mercado com uma análise da nossa equipe de macroeconomia sobre o atual momento econômico e as perspectivas para os próximos meses das regiões mais relevantes em nossa cobertura. No episódio de hoje, confira nossa análise sobre os EUA.

O cenário para a economia americana segue marcado por incertezas. Além das dúvidas quanto ao ponto final da política tarifária da nova administração, a atual discussão fiscal no Congresso tem potencial para impactar diretamente as projeções de crescimento e inflação. O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) segue adotando postura de cautela, ponderando as diferentes fontes de risco, enquanto a narrativa de excepcionalismo americano parece continuar a se enfraquecer.

As reduções temporárias de tarifas promovidas pelo presidente Donald Trump, tanto no caso da China quanto das tarifas recíprocas, trouxeram alívio para o cenário global e estancaram a tendência de revisão baixista para o crescimento americano. Ainda assim, a taxa média sobre importações dos EUA teve alta rápida e significativa (ao redor de 14%, contra 2% até o ano passado), o que naturalmente pressiona o crescimento para baixo e a inflação para cima. Além disso, o mercado segue monitorando as negociações. Por um lado, existe o risco de alta nas tarifas atuais caso as conversas não evoluam, por outro, há alguma expectativa pela redução das tarifas impostas sobre a China devido ao fentanil.

Grafico ilustrando a alíquota de tarifas médias das exportações americanas
Fonte: USTR e Itaú BBA

Na frente fiscal, a Câmara atualmente discute a extensão dos cortes de impostos promovidos por Trump em seu primeiro mandato, além do aumento de algumas linhas de gastos, como defesa. As negociações agora parecem depender do corte de despesas em algumas frentes, para então seguir para o Senado. Ainda assim, a proposta deve resultar em expansão adicional do déficit americano, que já se encontra no pior nível em um contexto sem recessão de sua história. Assim, o pacote oferecerá suporte ao crescimento à frente, mas também à inflação, além de alimentar as preocupações relacionadas à trajetória da dívida americana (conforme detalhamos nesta edição do The Weekly Globe).

Dadas as dúvidas sobre o crescimento, em meio a diversos riscos altistas para a inflação, o Fed mantém sua postura cautelosa, ressaltando a elevada incerteza do cenário e garantindo postura reativa frente à evolução dos dados. Por sua vez, o mercado tem adiado a expectativa por cortes nos juros, mas segue apostando em suporte do banco central em caso de deterioração dos dados do mercado de trabalho.

Nesse contexto de maiores incertezas nos EUA - acompanhadas por melhora nas projeções de crescimento de outras regiões -, a discussão sobre o fim do excepcionalismo americano segue em foco. Ainda que a redução das tarifas tenha diminuído o risco de recessão, o nível historicamente alto da moeda americana e as oportunidades em outras divisas seguem oferecendo argumentos a algum nível de diversificação.

Confira também nossas análises sobre a China eZona do euro

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