BCE mantém juros em meio a possível novo acordo comercial com os EUA
No Radar do Mercado: autoridade monetária europeia decidiu manter as taxas inalteradas, diante de cenário interno resiliente, mas com incertezas externas, especialmente ligadas a tensões comerciais com os EUA. Ainda na Europa, PMI mostra atividade resiliente em julho, enquanto nos EUA, crescimento de serviços compensa queda da indústria
Por Itaú Private Bank
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu nesta quinta-feira, 24, manter inalteradas as três principais taxas de juros da região, com a taxa de depósito em 2,00%, a taxa de refinanciamento em 2,15% e a de empréstimos em 2,40%. A autoridade monetária avaliou que a inflação está atualmente em linha com a meta de 2% no médio prazo, e que os dados recentes confirmam esse cenário, com abrandamento das pressões internas de preços e desaceleração no crescimento dos salários.
Segundo o comunicado, os cortes de juros anteriores seguem transmitindo seus efeitos, sustentando uma economia resiliente mesmo em um ambiente global adverso. Ainda assim, o BCE destacou que o cenário permanece “excepcionalmente incerto”, sobretudo devido às disputas comerciais internacionais.
Sobre as próximas decisões, o BCE reiterou que suas decisões seguirão sendo tomadas “reunião a reunião”, com base no cenário esperado para inflação e seus respectivos riscos envolvidos. A autoridade afirmou também que está pronta para ajustar todos os instrumentos disponíveis, caso necessário, para garantir a estabilidade de preços e o bom funcionamento da transmissão monetária.
Nossa visão: a decisão e a comunicação escrita vieram em linha com o esperado, com mudanças marginais e adicionando frases para ressaltar o cenário incerto. Contudo, a coletiva de imprensa de Christine Lagarde, presidente da autarquia, trouxe um tom mais duro, ressaltando que a política monetária permanece bem posicionada e a atividade, resiliente. Também adotou um tom construtivo quanto às negociações tarifárias em curso, mencionando que uma resolução rápida poderia reduzir a incerteza. Dessa forma, a precificação de mercado no momento da escrita deste texto reduziu o espaço para cortes de juros neste ano. Sobre as tarifas, segundo o noticiário desta quarta-feira, 23, os dois lados estariam próximos de firmar um acordo que incluiria alíquota de 15% sobre produtos europeus, incluindo veículos, substituindo a taxação mais severa prevista anteriormente.
PMI da Zona do Euro mostra atividade resiliente frente a tarifas
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) composto da Zona do Euro de julho foi divulgado nesta quinta-feira, 24, avançando de 50,6 para 51 pontos, acima da expectativa do mercado, que era de 50,8. Com o resultado, o número segue acima dos 50 pontos, o que indica que a atividade continua em patamar expansionista.
O dado refletiu uma melhora conjunta do setor de serviços e do industrial. No lado dos serviços, houve um aumento de 50,5 para 51,2, o maior patamar em seis meses, acima da mediana das projeções, que era de 50,8%. Já o PMI industrial, subiu de 49,5 para 49,8, patamar que não alcançava a 36 meses, em linha com as expectativas do mercado.
Nossa visão: o avanço do PMI composto da Zona do Euro em julho reforça a resiliência da atividade econômica, com destaque para a melhora tanto nos serviços quanto na indústria. Apesar do ambiente ainda marcado por incertezas externas e disputas comerciais, os dados mostram que a economia do bloco segue em expansão moderada, sem sinais de impacto relevante das tarifas comerciais aplicadas até aqui.
Atividade nos EUA acelera em julho, puxada por serviços
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) composto dos EUA subiu de 52,9 em junho para 54,6 em julho, alcançando o maior nível em sete meses. O avanço foi impulsionado principalmente pelo setor de serviços, cujo índice passou de 52,9 para 55,2 no período. Já o PMI industrial recuou de 52,9 para 49,5, entrando em patamar contracionista e frustrando a expectativa de recuo apenas marginal.
Nossa visão: o forte desempenho dos serviços mais do que compensou a queda na indústria e segue indicando uma economia ainda resiliente no início do terceiro trimestre. Destaca-se, no entanto, que as respostas da pesquisa passaram a dar maior ênfase ao aumento de custos relacionado às tarifas, ressaltando o risco dos impactos das novas políticas econômicas sobre a economia à frente.
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