Inflação de junho nos EUA mostra sinais de repasse das tarifas; PIB chinês surpreende
No Radar do Mercado: CPI dos EUA vem em linha com o esperado pelo mercado, mas núcleo acende alerta; China cresce ligeiramente acima do esperado no segundo trimestre de 2025
Por Itaú Private Bank
CPI avança 0,3% em junho nos EUA
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA registrou alta de 0,29% em junho, acelerando em relação a maio (0,08%) e em linha com as expectativas do mercado, segundo dados divulgados hoje pelo Escritório de Estatísticas Trabalhistas (BLS, na sigla em inglês). Com isso, a inflação acumulada em 12 meses acelerou para 2,7% em junho, acima da mediana das projeções (2,6%).
Já o núcleo do indicador, que desconsidera itens mais voláteis, como alimentos e energia, registrou alta de 0,2% em junho, acelerando em relação a maio (0,13%) e abaixo das estimativas do mercado (0,3%). No acumulado em 12 meses, o núcleo registrou alta de 2,9%, um pouco acima dos 2,8% registrados nos três meses anteriores.
Na quebra por componentes, bens mostrou aceleração, de 0,2% na comparação mensal para 0,7%. Ao desconsiderarmos a parte de veículos, que vem mostrando deflação, a alta foi ainda mais expressiva, sugerindo um repasse maior de tarifas. Serviços, por outro lado, desacelerou, em 0,2% na mesma comparação.
Nossa visão: apesar do CPI de junho ter vindo em linha com as expectativas, a abertura do dado mostra sinais iniciais de repasse das tarifas, com aceleração nos preços de bens. Componentes como móveis e computadores – mais atrelados às importações chinesas, mostraram altas significativas. Assim, com abertura do dado menos favorável, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), deve manter a postura cautelosa, à espera de novos dados, antes de iniciar o ciclo de flexibilização monetária.
PIB chinês avança mais que o esperado
O PIB da China avançou 5,2% na comparação anual do segundo trimestre de 2025, levemente acima do consenso de mercado (5,1%). No comparativo trimestral, a alta foi de 1,1%. Do lado da oferta, os setores secundários (indústria) e terciário (serviços) seguem sustentando o crescimento.
Já os dados referentes a junho mostraram desempenho misto: a produção industrial surpreendeu positivamente com alta de 6,8% na base anual, frente aos 6,1% de maio, mas as vendas no varejo desaceleraram de 6,4% em maio para 4,8% em junho, e os investimentos em ativos fixos cresceram 2,8% no acumulado do ano, abaixo da leitura anterior de 3,7%.
Nossa visão: a atividade segue com crescimento sólido, sustentada pela indústria e pelas exportações. Ainda que no segundo semestre os sinais de desaceleração fiquem mais evidentes, a probabilidade de novos estímulos por parte do governo segue limitada no curto prazo.
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