Desemprego recua no Brasil e inflação acelera nos EUA
No Radar do Mercado: IBGE divulgou que a taxa de desemprego brasileira no trimestre de abril a junho foi de 5,8%, abaixo das expectativas do mercado. Nos EUA, núcleo do PCE de junho veio em linha com o esperado pelo mercado, mas mais distante da meta do Fed
Por Itaú Private Bank
Desemprego atinge mínima histórica no Brasil
O IBGE divulgou nesta quinta-feira, 31, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua indicando que a taxa de desemprego para o trimestre de abril a junho foi de 5,8%, abaixo da mediana das expectativas do mercado, que era de 6,0%. O resultado também veio 1,0 ponto percentual abaixo do mesmo período de 2024 (7,0%), atingindo a mínima histórica. Na série com ajuste sazonal, a taxa de desemprego também recuou, de 6,0% no trimestre encerrado em maio para 5,8% agora.
A queda da taxa de desemprego foi resultado do aumento do emprego (0,2% na variação mês contra mês, com ajuste sazonal), associado à redução da força de trabalho (-0,1% na mesma comparação). Já a taxa de participação ficou estável em 62,5% (com ajuste sazonal), combinando a queda da força de trabalho com a expansão da população em idade ativa. A população ocupada, por sua vez, cresceu no setor formal (0,3%) e ficou estável no informal.
Na parte de rendimento, a massa salarial efetiva avançou 0,5%, impulsionada pela expansão do emprego associada ao aumento do rendimento médio (0,5% m/m, com ajuste sazonal), que chegou a R$ 3.477 por trabalhador.
Nossa visão: os dados divulgados hoje continuam indicando um mercado de trabalho resiliente, o que deve ajudar a sustentar o consumo das famílias e manter a inflação de serviços ainda pressionada.
Inflação nos EUA avança em junho com início dos efeitos das tarifas
O núcleo do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) dos EUA, que exclui componente mais voláteis, como energia e alimentos, avançou 0,3% em junho, acelerando em relação ao dado revisado de maio (0,2%) e em linha com as expectativas do mercado (0,3%). Já na base anual, o núcleo do PCE se manteve estável em 2,8%, levemente acima das expectativas (2,7%).
O indicador “cheio” do PCE, por sua vez, registrou crescimento de 0,3% na passagem de maio para junho, enquanto houve uma aceleração de 2,4% para 2,6% na base anual.
O Escritório de Análise Econômica (BEA, na sigla em inglês) também informou que os gastos pessoais dos consumidores americanos cresceram 0,3% em termos reais na passagem de maio para junho, ante uma expectativa de 0,4% do mercado, após um dado revisado de -0,3% para 0,0% em maio.
Nossa visão: os dados de junho indicam uma aceleração tanto no PCE cheio quanto no núcleo, com sinais do impacto tarifário sobre os preços, especialmente na parte de bens. Para a política monetária, o dado de hoje não deve mudar a avaliação do Federal Reserve, que indicou ontem estar esperando mais dados para avaliar o impacto tarifário.
Atividade industrial da China recua além do esperado em julho
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria da China caiu de 49,7 em junho para 49,3 em julho, resultado abaixo da expectativa do mercado, que projetava estabilidade. A leitura abaixo de 50 indica contração, com o setor agora contraindo pelo quarto mês consecutivo.
O Departamento Nacional de Estatísticas (NBS) afirmou que o desempenho mais fraco em julho foi influenciado por fatores sazonais e pelas condições climáticas extremas que atingiram o país, como enchentes e ondas de calor, que interromperam a produção em diversas regiões. Apesar da recente melhora nas relações comerciais com os EUA, o setor industrial ainda sofre com tarifas elevadas e uma demanda global enfraquecida.
No PMI não-industrial, que abrange os setores de serviços e construção, houve desaceleração de 50,5 para 50,1. O resultado veio abaixo das expectativas de 50,3 e reforçou a leitura de perda de fôlego também fora da indústria.
Nossa visão: os PMIs de julho mostram uma perda de tração da atividade chinesa na margem, após um sólido crescimento econômico no primeiro semestre do ano. Mesmo após certo alívio comercial com os EUA, os efeitos das tarifas persistem e a demanda doméstica segue fraca.
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