Copom eleva Selic em 0,25 ponto percentual e sinaliza pausa

No Radar do Mercado: Comitê elevou a taxa Selic para 15,0% ao ano e sinalizou que, caso o cenário projetado se confirme, deve pausar o ciclo de altas a partir de agora e manter os juros nesse patamar por um período bastante prolongado

Por Itaú Private Bank

5 minutos de leitura

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 15,0% ao ano, na quarta reunião de 2025. O Comitê antecipou uma possível interrupção no ciclo de alta, caso o cenário evolua conforme esperado. Indicou também que vai examinar se os impactos acumulados do ajuste realizado até aqui, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, são suficientes para assegurar a convergência da inflação à meta.

O Copom adicionou elementos na comunicação que indicam que os juros devem ficar em patamar significativamente restritivo por bastante tempo, além de incorporar que não hesitará em retomar o ciclo de alta de juros caso seja necessário. Entendemos que uma manutenção dos juros na próxima reunião será o mais provável, com o BC iniciando o ciclo de corte no início de 2026.

Como de costume, saberemos mais sobre o pensamento do Copom com a divulgação da ata da reunião na próxima terça-feira, 24.

Nossa visão para os mercados

O mercado futuro de taxas de juros fechou precificando para a reunião de hoje perto do meio do caminho entre a manutenção e uma nova alta de 0,25% da Selic. Com a confirmação da alta, as taxas da parte curta da curva de juros devem apresentar uma pequena elevação na reabertura dos negócios na sexta-feira, 20, após o feriado. Esperamos que o mercado ainda preserve no curto prazo algum risco residual de alta para a próxima reunião em julho, afinal as incertezas atuais são relevantes e podem mudar o cenário até 30 de julho, data da próxima reunião do Copom.

Por outro lado, os vencimentos mais longos devem apresentar um comportamento mais benigno, afinal a decisão de elevar a Selic mostra um firme comprometimento do Banco Central com a convergência da inflação em direção às metas, o que, no futuro, tende a abrir a porta para juros mais baixos. Em outras palavras, a curva de juros pode apresentar maior inversão, beneficiando alocações mais longas. Entretanto, deve-se enfatizar que à parte dessa influência interna positiva, o comportamento da parte longa das curvas de juros continuará sendo mais impactado pela evolução do cenário externo, sobretudo relacionado à guerra tarifária e ao conflito no Oriente Médio.

Esperamos que esse comportamento descrito acima aconteça tanto na curva prefixada quanto no juro real.

Do ponto de vista de estratégia, a decisão de hoje não altera nossa visão para as classes da renda fixa. Seguimos com recomendação acima do neutro no juro real, com duration um pouco mais alongada, graças à combinação de taxas em patamar historicamente atrativo com a proteção inflacionária proporcionada por essa classe. No prefixado, ainda defendemos a manutenção de uma alocação neutra, mas à medida que se consolida o final deste ciclo de alta da Selic a tendência deverá ser de aumentarmos a parcela alocada nessa classe. Não por acaso, recentemente elevamos a perspectiva da classe pré para positiva.

Em relação ao real, a decisão de hoje pode reforçar a tendência de apreciação que temos observado neste ano, afinal, o diferencial das taxas de juros do Brasil em relação aos EUA torna-se mais favorável, o que tende a incentivar a entrada de mais capital externo. Entretanto, a persistência deste movimento continuará a depender mais do impulso advindo da queda do dólar no mercado internacional, já que, domesticamente, as incertezas fiscais brasileiras continuarão no radar. Com isso, sentimos mais segurança em recomendar uma alocação tática vendida em dólar versus as moedas de seus pares desenvolvidos, posição que adicionamos às nossas carteiras local e internacional.

Já para a renda variável, vemos o fim do aperto do ciclo monetário (salvo eventual mudança de rota) como positivo para as ações. Entretanto, salientamos que o atual patamar da Selic diminui a atratividade da bolsa frente à renda fixa. No curto prazo, acreditamos que a bolsa seguirá muito dependente do capital estrangeiro, uma vez que o investidor local deverá continuar a privilegiar instrumentos de renda fixa. Desta forma, mantemos nossa recomendação neutra em renda variável.

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